Ahh a saudosa Kombi... Quem nunca pegou carona em uma não sabe o que está perdendo. Assim como o Fusca, esse utilitário é um dos clássicos da Volkswagen. Para quem não sabe, a Kombi começou a ser fabricada lá em 1950 e foi um símbolo de gerações, como a dos Hippies, por exemplo. Ou seja, além de clássica é histórica também! A “vovó” da Volks nasceu na Alemanha com um nome daqueles bem difíceis de falar e que dá até para brincar de trava-línguas: “Kombinationsfahrzeug” - que em bom português quer dizer veículo combinado ou ainda, veículo multiuso.
Mas, se a maioria dos veículos na época eram compactos e luxuosos, de onde surgiu a ideia de fazer um carro desse tamanho? Pois bem. No fim dos anos 40 o holandês Ben Pon havia feito alguns desenhos em sua agenda e resolveu passar a ideia para frente, já que era um veículo inédito. Foi aí que começaram a por em prática a fabricação dos primeiros protótipos e é claro que os primeiros não saíram ao contento. Tiveram que ir aprimorando aos poucos. A princípio a aerodinâmica não era muito boa e só deu uma melhorada quando passou pela Faculdade Técnica de Braunschweig.
Desde seus primeiros desenhos a intenção era de montar um veículo grande e espaçoso, uma perua, em cima de um chassi de Fusca. Foram testes e mais testes até chegar a um bom resultado e decidiram então dar uma redesenhada. Aí nasceu o chassi monobloco, criado especialmente para a Kombi. Em 08 de março de 1950 o novo veículo da Volks já estava passeando pelas ruas alemãs, ano em que as primeiras chegaram por aqui também.
KOMBI NO BRASIL
Como já dito acima, as primeiras Kombis que chegaram aqui na década de 50 eram importadas. O que apostamos que você não sabia é que o importador era o Grupo Brasmotor, donos da famosa marca Brastemp (aquela das geladeiras e eletrodomésticos). Nessas primeiras, o motor era um 1100cc 25cv. Para dar a partida, duas opções: girar a chave (partida elétrica) ou ficar girando uma manivela. A tampa do motor era bem grandona e claro que recebeu apelido: “porta de celeiro”. Em 52 já começaram a fazer algumas modificações como câmbio com 2ª, 3ª e 4ª marchas sincronizadas, adicionaram vidros traseiros e para-choque também, além do lançamento das versões Pick-Up e da versão Samba, com quinze janelas.
A produção em solo brasileiro só começou em 1953 com peças que ainda precisavam ser importadas, que era o “sistema CKD”. No ano seguinte, o motor já era um 1200cc com 36 cavalos de força, e dois anos depois, a Kombi ganhou lanternas novas na traseira. Em 1957 as peças eram metade nacional e a outra parte era importada, como o motor e o câmbio. O sistema elétrico era de 6v. Em 59 as marchas já eram totalmente sincronizadas e o motor que antes teria que vir de fora agora era nacional. Os para-choques ganharam tubos e batentes de proteção na versão Kombi Luxo, além da numeração do chassi passar para a lateral do motor e terem abolido de vez a manivela que antes servia para dar partida no veículo.
Na década de 60, a Kombi aqui no Brasil ganhou vários ajustes como vincos na tampa do porta-malas e meia lua, a alavanca do câmbio e do freio de mão passaram a ser um pouco mais para frente para dar mais conforto a quem se sentava nos bancos dianteiros. Também nesse comecinho de década surgiu a versão Turismo para quem gostava de juntar a família e os amigos para ir acampar. Em 61 as luzes de seta apareceram na dianteira, e na traseira, novas lanternas. O trinco do basculante foi modificado e o modelo que antes se chamava Luxo, foi batizado de Especial. Até 67 muita coisa mudou na Kombi e nesse ano, novo motor: 1500cc 52cv. Nasceu nesse ano também uma nova versão, a Pick-Up, com bancos individuais na dianteira, limpador com duas velocidades, rodas de aro 14”e como opcional, diferencial blocante que era indicado para terrenos não tão aderentes.
Nove anos mais tarde a Volks deu a primeira repaginada na Perua, a começar pelo motor 1600cc. A frente e a traseira do modelo internacional foram combinados com a carroceria da Kombi nacional, com 12 janelas, e esse se tornou um modelo exclusivo do Brasil, fabricado por 20 anos aqui. Em 1978 chega ao mercado o modelo com motor 1600 de dupla carburação, varão do câmbio mais macio e novo trambulador. Em seguida, reforços na lataria deram mais rigidez a estrutura das Kombis, e mais segurança também. O motor a diesel chegou por aqui em 81, com refrigeração a água e radiador dianteiro. A Pick-Up Kombi com Cabine Dupla foi lançada no ano seguinte, e logo mais os modelos receberam freios a disco na dianteira, rodas novas e calotas planas. Dez anos depois, a Volkswagen adicionou nesses modelos o catalisador e o cânister, equipamentos que serviam para evitar a poluição excessiva do meio ambiente.
KOMBI DE CARA NOVA
Para dar uma “remoçada” na jovem senhora da VW foi necessário uma boa repaginada. Já fazia um bom tempo que o pessoal da montadora queria fazer um modelo com portas corrediças na lateral, mas foram adiando a ideia, que só saiu do papel em 1997. O motor ganhou injeção eletrônica um ano depois e em 2000, quem deu o primeiro adeus foi a Kombi Pick-Up. Com a alta nos preços dos combustíveis e a necessidade de se adaptar aos novos hábitos do consumidor brasileiro, não havia mais como manter a Kombi com a configuração antiga. Em 2006 o motor se tornou Flex 1400cc com refrigeração a água, além de colocarem grade na dianteira para o radiador e um novo painel de instrumentos, mais moderno e parecido com o Fox.
Nessa época também nasceram 200 unidades da Série Prata para marcar a saída dos motores arrefecidos a ar da VW aqui no Brasil. Já que o nome da série era esse, nada mais justo que a cor da lataria fosse a Prata Light Metálica. Essa edição também recebeu acabamentos em cinza e vidros verdes.
Bodas de Ouro – 50 anos da Kombi
Para comemorar as Bodas de Ouro da Kombi, foram lançadas 50 unidades na Série 50 Anos, em 2007. A pintura era em vermelho e branco, para relembrar as primeiras lá da década de cinquenta. Essa série era tão exclusiva e única que até uma carta do presidente da Volks do Brasil era direcionada a cada comprador. Um verdadeiro show a parte, esse modelo vinha com vidros verdes. O para-brisa era degrade, vinha com luz no cofre do motor, os piscas dianteiros tinham lentes brancas e as lanternas de trás eram fumê. Fora isso, ainda vinha com adesivos identificando a série para destacar e mostrar quem estava no pedaço!
HORA DO ADEUS
Para alguns não fez diferença, mas para outros foi o fim de uma era. Em 2013 a montadora alemã anunciou que não fabricaria mais esse veículo. A partir de 2014 ficaria obrigatório o uso de equipamentos de segurança em todos os automóveis, como os freios ABS e a instalação de airbags e por esse motivo a Volks decidiu que alguém deveria deixar o mercado. Nesse caso, a Kombi foi a escolhida. Mas não pense você, caro leitor, que a “última dos moicanos” foi posta a venda. Ela está bem guardada “a sete chaves”, no acervo da montadora que fica em Hannover, na Alemanha.
Para consolo dos fãs desse modelo, 1200 unidades foram produzidas em caráter especial, com o nome de Last Edition. Todas as unidades ganharam enumeração com placas no painel e laterais, além de adesivos identificando a série. Para ficar ainda mais marcante, tons em azul e branco, além das calotas e rodas alvas foram escolhidos para dar mais destaque. Cortinas em azul e braçadeiras bordadas com a logo da Kombi davam o toque a mais, além dos bancos que também compartilhavam o mesmo estilo, com laterais e costas em cinza, e faixas centrais em azul e branco. No assoalho, porta-malas e no revestimento do estepe, carpete dilour Basalto.
Para fazer inveja em quem não pode comprar esse modelo, a Volks instalou sistema de som em LED na cor vermelha, com MP3, entrada para USB e auxiliares. Ao abrir o porta-luvas um manual todo trabalhado para marcar que esta era mesmo uma edição comemorativa. A única coisa que esse modelo tinha em comum com as tradicionais é que o motor era o mesmo, o EA111 1.4 Total Flex 80cv. Mas de modo geral era um luxo que só vendo! Toda a decoração foi feita com base nos modelos mais tops da década de 60 e 70, tornando essa edição ainda mais especial.
A princípio seriam lançadas apenas 600 unidades ao público, mas por fim acabaram dobrando a produção, pois a procura por colecionadores e apaixonados pela “senhorinha” foi tão grande que a montadora recebeu até pedidos de outros países. Isso explica as 1200 produzidas.
CARROCERIAS JÁ LANÇADAS
Se você der uma pesquisada no SóCarrão, certamente irá encontrar vários modelos, com os mais diversos anos e tipos de carroceria. Para não te deixar em dúvida sobre qual se adapta melhor ao que procura, listamos os mais buscados para te auxiliar antes de fechar negócio!
FURGÃO – GERAÇÕES I e II: Esses foram os primeiros modelos a serem fabricados. Na primeira versão saia totalmente sem vidros nas laterais, que apareceram na segunda remessa. Por ser muito antiga dificilmente é encontrada por aí, por ser uma relíquia.
PICK-UP CABINE SIMPLES: Nessa versão a estrutura foi modificada, ficando bem ao estilo de uma caminhonete mesmo. Nessa primeira geração a cabine era feita de aço.
PICK-UP CABINE SIMPLES “CABRITA”: Essa é a mesma versão estilo pick-up, porém com a carroceria feita em madeira por outras empresas.
PICK-UP CABINE DUPLA – GERAÇÕES I e II: Aqui a carroceria cresceu um pouco mais, o tornando estendida bem ao estilo das caminhonetes de hoje em dia. As portas eram bem diferentes, pois na verdade eram somente três ao invés de quatro e só havia abertura para o lado direito do veículo. Era ideal para famílias um pouco maiores (até seis pessoas) e ainda oferecia caçamba para transportar cargas. Esse modelo era muito usado no transporte de funcionários de empresas também.
STANDARD: Essa categoria teve várias versões ao longo do tempo. Como já dissemos acima, a Luxo foi apresentada entre as décadas de 50 e 60, e fazia parte dos Standard. Quando lançada, a série Luxo era utilizada principalmente no transporte familiar. Outro tipo que pode ser chamada de Standard são as Escolares. Hoje em dia é menos comum vê-las circulando por aí, mas quem é do tempo em que as conduções até o colégio eram feitas em Kombis vai se lembrar bem disso.
SAFARI: Baseada no modelo Pick-up (ou Caminhonete), a Karmann produziu a versão trailer para os que não se contentavam em ficar presos em um lugar e gostavam de por o pé na estrada. Funcionava como uma espécie de “motorhome”, a popular casa sobre rodas dos filmes americanos. Aqui no Brasil produziram uma versão com motor de Passat 1600cc, que na época era a Diesel, e um radiador na dianteira do veículo. Porém como não foi bem adaptado gerou uma série de problemas, incluindo superaquecimento e caiu em desagrado. Resumindo, não fez sucesso!
MINI KOMBI: Pode parecer estranho ou brincadeira, mas há versões no mercado de mini exemplares da Kombi. Porém não se assuste ao ver uma rodando por aí. Tem pessoas que mandam reduzir a original para transforma-la em “mini” e outras pedem para fazer em fibra de vidro.